quinta-feira, 9 de outubro de 2014


Hospitais em xeque: o aumento no número de vagas é a principal demanda


Os desafios do Espírito Santo para os próximos quatro anos

Imagine que você está bem e, de repente, perde os movimentos das pernas e dos braços. Consciente, pede socorro e é atendido, levado para o hospital. Lá, passa dias deitado em uma maca no corredor, ainda sem poder se mover. Foi isso que aconteceu com Ivan Marques dos Santos, 29 anos.


"A prioridade tem que ser a saúde. O atendimento do Samu e dos médicos é bom, mas falta estrutura." Vera Lúcia, aposentada.

A tia dele, a aposentada Vera Lúcia Cabral, 52 anos, relata o drama do rapaz, que está internado no Hospital São Lucas, em Vitória.

“O médico disse que pode ter sido um derrame na medula óssea, mas para confirmar é preciso fazer todos os exames. Falta fazer a ressonância magnética, que era para ter sido feita com urgência, mas o médico disse que tem que esperar uns dois dias porque o exame é muito caro”, conta a aposentada.

A reportagem falou com Vera Lúcia na última quarta-feira. O exame foi feito, como previsto, somente na sexta. Naquele dia, ele continuava no corredor do hospital.

O corredor do São Lucas tornou-se um emblemático representante da situação da saúde pública no Estado e, principalmente, na Grande Vitória. “Tem tanto mosquito que parece que vão carregar a gente”, destaca Vera Lúcia. Ela diz que o atendimento por parte dos médicos e demais profissionais é bom. Critica apenas a estrutura do local.

O pronto-socorro do hospital funciona junto ao Hospital da Polícia Militar (HPM). A reforma do prédio original do São Lucas foi concluída, em parte, e falta levar de volta para lá o atendimento de emergência, o que não deve ocorrer em menos de um ano e meio.

O vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), Aloízio Faria de Souza, classifica a área da saúde, de forma geral, como “um caos”.

“O grande culpado desse caos da saúde pública é o governo federal, que passou a responsabilidade para Estados e municípios. Saúde é uma coisa cara”, define Souza. Ele diz, no entanto, que Estado e municípios também têm sua parcela de culpa.

Um dos pontos-chave da questão é a falta de leitos. “Como não tem leitos suficientes na rede pública, o governo compra da rede privada e aí falta leito na rede privada também”, conta Souza. Hoje, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a rede estadual tem 8.394 leitos, sendo 2.828 adquiridos na rede particular.

Na Grande Vitória, um dos agravantes é a chegada de pacientes de outros municípios em busca de atendimento. “Aqui para o São Lucas vem gente de outras cidades e até de outros Estados. É um hospital de referência, não é?”, diz dona Vera Lúcia, contando sobre as conversas com parentes de outros pacientes internados no corredor.

“Não tem hospitais e clínicas de especialidades suficientes no interior. E os hospitais que existem a vigilância sanitária nem deveria deixar funcionar”, critica o vice-presidente do CRM.

Prioridade

Enquanto a aposentada que acompanha o sobrinho no corredor do São Lucas quer a construção de um hospital geral em Cariacica, cidade em que reside, Souza pondera que essa seria uma boa medida – que inclusive já está prevista – mas o primordial é investir no atendimento primário à saúde e nos centros de especialidades.

“Os prefeitos, em parceria com o Estado, têm que fazer clínicas de especialidades com tomografias, ressonância magnética, com capacidade de resolução. É mais barato tratar uma criança com gripe do que uma criança com pneumonia”, exemplifica. Atualmente, há uma política de cofinanciamento da atenção primária à saúde e parcerias para construir unidades de saúde da família.


POSTADO POR  : JUDSON JUNIOR

7 comentários:

  1. Não concordo com a colocação de Souza que diz que é errado os estados e municípios ter responsabilidade na saúde pública. Deixando essa responsabilidade nas mãos da União sem participação das outras esferas do governo as reais necessidades ficariam muito distantes dos organizadores que não administrariam com eficiência toda a saúde pública.
    Os governo municipal, junto com a comunidade local pode construir estratégias de atenção primária formidáveis, que funcionem muito bem e atendam a todos. Assim só precisariam se preocupar com uma simples gripe de uma criança, ao invés de uma pneumonia.

    Karoline Ronconi

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  2. Boa tarde pessoal. Parabéns pelo andamento do blogger.

    Mas fiquem atentos quanto aos dias das postagens. Essa postagem é relativa a semana de 06/10 a 13/10. Então, vcs tem até amanha pra postarem alguma reportagem relativa a semana 13/10 a 20/10, não esquecendo que todos devem comentar.

    Abraço.

    Barbara Almeida

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  3. Concordo com a Karol, deixar a saúde como responsabilidade apenas da união não garante que a saúde será, de alguma forma, melhor, pelo contrário, seria algo muito genérico, não atendendo as necessidades diferentes de cada município. Porém, acredito que uma fiscalização mais rígida e punições mais severas para quem descumpre as leis por meio do governo federal pode melhorar muito a situação da saúde no país, pois, hospitais em situação semelhante a do São Lucas são comuns pelo país mesmo apesar da saúde ter crescido e melhorado a passos largos no país.

    Camila Soukup.

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  6. È nítido que em todo o Brasil há cenas como essas do Hospital São Lucas, e como as meninas já abordaram algo que também me chamou a atenção na reportagem que foi a colocação de Souza que diz : O grande culpado desse caos da saúde pública é o governo federal, que passou a responsabilidade para Estados e municípios. Saúde é uma coisa cara. Certamente uma pessoa que usa essa frase não entende de regionalização e hierarquização do SUS.
    Entretanto, se torna preocupante essa falta de leitos no estado como se aponta na reportagem, sabemos que o certo e que todos gostariam que acontecesse e a construções de mais hospitais ou o aumento desses que já existem para que o governo economizem nos leitos particulares que eles tem que pagar , mas para que isso ocorra é necessário a união do governo federal, estadual e municipal, sendo que os dois últimos devem se mobilizar juntamente com a comunidade para discutir propostas que podem atender a necessidades da maioria . Esse ano analisei algumas outras reportagens que diz a respeito do hospital São Lucas e da obra desse hospital que está pronta que oferece uma quantidade de leitos a mais que o valor atual que existe dentro do hospital , as não sei informar se a nova área do hospital se encontra em funcionamento, as acredito que sim, pois esta foi inaugurada em setembro.

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  7. Vemos mais uma vez o hospital São Lucas, com problemas de leitos, acho que para sanar este problema seria preciso um novo hospital, porque não adianta ficar colocando este em várias reformas e deixar a população sem atendimento, querendo ou não é um hospital que fica lotado de pacientes todos os dias, não concordo com a Priscila quando ela falou que a culpa é do estado que passou a responsabilidade para Estados e municípios, acho que esses tem capacidade sim de gerenciamento, claro se os governantes levassem a sério a saúde no estado. Precisamos de mais investimentos e gerenciamentos em saúde para mudar a situação dos hospitais e da saúde e geral do nosso país.

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